PAINEL DO ORÇAMENTO
O Ministério do Planejamento e Orçamento publica o Painel do Orçamento da União. O que tem levado a várias interpretações e comparações dos gastos ministeriais. Uma das mais recentes é a de ver-se como é caro se manter uma dívida pública elevada em relação ao PIB. Aproxima-se de 80% a dívida bruta sobre o PIB e a dívida líquida de 66%.
No exame de projetos privados, conforme livro deste
articulista, “Analise e Viabilidade Projetos de Investimentos”, publicado pela
editora Atlas, hoje podendo ser consultado na biblioteca virtual da sua
sucessora, www.grupogen.com.br, em tema específico de analise da capacidade
pagamento, deixa-se claro que os bancos de fomento procuram não financiar mais
aquela empresa que tenha comprometimento de pagamentos acima de 60% das suas
receitas previstas. Quer dizer, se o governo federal fosse uma empresa não
poderia mais financiar-se com crédito bom e barato. Ou, até mesmo, não obter
financiamento de longo prazo. Porém, o governo central é considerado pelo
mercado financeiro como de “risco zero”, visto que ele rola sua dívida, via,
tomando mais dívida. Chega ao ponto de, ao invés de ter superávit primário,
para pagar os juros exigíveis, ele vem incorrendo em déficit primário. A dívida
pública, desde 1824, quando Dom Pedro I a reconheceu, tem sido uma “bola de
neve”. Isto é, até hoje não teve um fim. Antônio Delfim Netto, celebre Ministro
da Fazenda dos anos do regime miliar (1624-1984), dizia: “dívida não se paga;
se rola”.
No exame do orçamento do ano passado, o pagamento dos juros da
dívida pública alcançou R$614,55 bilhões, tendo crescido muito, em relação a
2022, quando fora de R$503 bilhões (subiu estrondoso 22%). Referido valor é
maior do que os gastos somados dos três considerados mais importantes
ministérios sociais: (1) o do Saúde, despesas totais no valor de R$170,26, no
ano de 2023; (2) o da Educação, no total de R$142,57 bilhões; (3) o do
Desenvolvimento e Assistência Social (que inclui os gastos com o Programa Bolsa
Família), no valor conjunto de R$205,391 bilhões. O total dos gastos três
ministérios, incluindo as despesas dos funcionários, foram, em 2023, de
R$578,13 bilhões.
O presidente Lula falou, no ano passado, que o pagamento dos
juros, referenciados pela taxa básica, a taxa SELIC estava muito alta, daí o
elevado pagamento de juros em 2023. O fato é que a SELIC começou o ano passado
em 13,75% e está hoje em 11,25%, anuais, depois de 5 quedas seguidas, a partir
de 1º de agosto de 2023. No entanto, como exemplo, a taxa SELIC no governo de
Fernando Henrique Cardoso (1995 a 2002), quando o País teve um ataque
especulativo, chegou a ser superior a 40% ao ano. Mesmo assim, o País conseguiu
rolar a dívida pública.
A esse respeito, o presidente do Banco Central, Roberto
Campos Neto, atribuiu os juros altos ao alto grau de endividamento do País.
Foram suas as palavras: “A dívida não é alta porque os juros são altos. É o
contrário, o juro é alto porque a dívida é alta. Quando você endividado vai ao
banco, e o banco faz uma análise que você é endividado e não paga a dívida, o
juro é alto”.
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