ESPAÇO FISCAL
21-04-2024
O governo federal em um quarto de século que se aproxima não tem espaço fiscal para gerar superávit. Isso não só diz a equipe econômica como o Fundo Monetário Internacional (FMI). O FMI acredita que somente em 2028 poderá haver superávit fiscal.
O que quer dizer isto? Receita menos despesa pública resulta
em déficit primário. Se houvesse superávit primário este serviria para pagar
parte dos juros da dívida pública. Ter dívida pública é um caminho desde a
independência do Brasil, em 1822, quando Dom Pedro I, em plena monarquia,
negociou com os ingleses o pagamento das dívidas de Portugal, destroçado por
Napoleão e da guerra da independência, em 1824. O Brasil já “nasceu” devendo.
Dívida que permanece e é um pretexto para que os credores internacionais cobrem
juros mais elevados pela dívida externa e para que os credores domésticos
propugnem por juros mais altos. Os principais aplicadores na dívida pública são
os fundos de pensão e os bancos, nacionais e internacionais, que dizem para os
mercados financeiros que dívidas de governo têm risco zero. Isto por que o
governo sempre está rolando débitos. Explica-se ainda o fato de que os juros
reais aqui são maiores do que lá, visto também que o País perdeu em 2014 o grau
de investimento. Somente recuperará quando voltar a ter superávit fiscal.
Segundo o FMI somente depois do atual mandato de Lula, que se encerrará em
2026. 2027 é uma incógnita. 2028?
O governo federal criou um arcabouço fiscal para estabilizar
as finanças públicas. Porém, não para de gastar, em razão das demandas que ele
próprio cria. Em 17 Estados da Federação há mais beneficiários da Programa
Bolsa Família do que trabalhadores com carteira assinada, revelou a revista
Oeste.
Ao contrário do que o governo central se propõe, cada vez
mais há arrocho fiscal. Neste mês, os governos, principalmente do Nordeste,
aumentaram o ICMS, de 4% para mais de 20%, para inúmeros produtos de consumo
popular.
Em resumo, de 1998 a 2013, houve superávit primário e bom
crescimento econômico. Claro, com superávit primário, mas com déficit primário,
provavelmente não terá. É óbvio. Fala-se em primário porque nunca se chegou ao
secundário.
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