VONTADE DE GASTAR SEM PODER
27-05-2024
Na atual conjuntura, a equipe econômica já se convenceu que precisa cortar gastos públicos, visto que o déficit primário tem sido persistente, desde janeiro de 2023. Mas, em maio tem assustado o mercado financeiro, já que ultrapassou R$61 bilhões. O saldo do ano, em cinco meses, está por volta de R$30 bilhões. Existem pressões do mercado financeiro e de políticos, de que é preciso o governo central estabelecer o equilíbrio financeiro. Com o fluxo de caixa negativo, já em quase 18 meses, as dificuldades de honrar compromissos ficam bastante apertadas, principalmente para investimentos.
O presidente da República, quando observa as pressões sobre a
necessidade de cortar gastos, ele ontem foi direto na contramão, dizendo que
não há despesas excessivas e que não irá cortar gastos relativos ao sistema da
Previdência Social, mesmo daqueles afortunados aposentados, principalmente da
classe política e grandes graduados. Quer dizer, não pretende cortar gastos, e
sim, tem de aumenta-los, o que ocorre na prática.
No mercado financeiro, a ironia que se tem feito é de que ele
“tem vontade gastar sem poder”. Fazendo assim, deixa os sinais de mercado com
instabilidade e o maior reflexo é que o valor do dólar comercial tem subido
bastante. Ontem chegou a R$5,52, o maior valor desde 17 de novembro de 2022.
No primeiro e no segundo mandato do presidente Lula, de 2003
a 2010, a equipe econômica trabalhou todos os oito anos com superávit primário,
atraindo investimentos e se aproveitando do boom dos preços das commodities
exportadas. Agora é bem diferente, o contrário, o continuado déficit primário e
as perspectivas de não resolver o citado problema, o que tem fragilizado o seu
terceiro mandato, havendo elevada valorização do dólar e desvalorização dos
ativos brasileiros
Declarou o presidente que “O problema não é o que tem que
cortar. Problema é saber se efetivamente precisa cortar ou se precisa aumentar
a arrecadação. Temos que fazer essa discussão”. Ora, o Congresso não está mais
querendo aumentar tributos e as despesas não param de crescer.
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