CORTE DE GASTOS ESTÁ SENDO IMPROVÁVEL NO MOMENTO
30-10-2024
PÁGINA DA CONJUNTURA ECONÔMICA
A equipe econômica, liderada por Fernando Haddad, Ministro da Fazenda, vinha declarando que, após as eleições municipais, do último domingo, seria anunciado o corte de gastos públicos, visto que o déficit primário já estava superior a R$103 bilhões, de janeiro a setembro, com tendência definida, de fechar estourado até dezembro. Ontem, Haddad fez declarações de que não há previsão para o corte de gastos. Uma ducha fria para aqueles que esperavam que, menores gastos públicos, impulsionariam menos o processo inflacionário. Déficit primário crescente também estimula o crescimento da dívida pública, não só da inflação, duas coisas ruins, já que a inflação não está convergindo para o centro da meta de 3,0%, mas indo para estourar o teto da meta de 4,5% (meta de 3,0% mais viés de 1,5%). Além disso, a repercussão maior é com a retração dos investimentos, tanto públicos como privados, sendo estimado taxa declinante do PIB, dos 3,0% atuais de 2024, sendo prevista pelo mercado financeiro nacional, para 2,0%, em 2025 e, em 2026, repetindo referida taxa.
Dessa forma o clima de suspense, ontem, levou também a que o
preço do dólar comercial fosse elevado para R$5,77, aproximadamente, cotação
que que não acontecia há mais de dois anos e meio passados, desde 30-03-2021.
O ministro Haddad disse ontem que não há um prazo de anúncio
de medidas de contenção dos gastos públicos, o que está sendo interpretado que
o governo federal não quer diminuir as pressões, tampouco, contingenciar mais as
despesas públicas.
Depois de estar em Nova York, há poucos dias, o presidente do
Banco Central (BC), Roberto Campos Neto, que também esteva ontem em Londres, há
uma semana da reunião do Comitê de Política Monetária, tanto do Brasil como dos
Estados Unidos. Lá, o cenário é de redução, pela segunda dose da taxa básica de
juros, que ficou cerca de três anos paralisada. Lá, a inflação está em queda.
Aqui, em ascensão, tendo na última reunião do citado comitê, havido a elevação
da taxa básica de juros brasileira, a taxa SELIC. Ambas reuniões ocorreram e
ocorrerão no mesmo dia, cujo pretenso sentido seria de sintonia, mas, ambos os
bancos centrais estão na contramão. Na verdade, o Brasil está na contramão de
quase todo o mundo, no que se refere à política monetária, visto que, após a
pandemia do covid-19, o País foi o primeiro a baixar a taxa SELIC, quando a
inflação caia aqui e subia lá fora. Porém, agora, com ela em ascensão, o BC
voltou a ingressar no ciclo de alta de juros básicos.
Em resumo, o ciado Roberto Campos Neto, presidente do Banco
Central, declarou ontem que a inflação está desancorada. Disse também que o
mercado financeiro dúvida que convergirá, na conjuntura, para o centro da meta
e está cobrando o ajuste fiscal, sem o qual, segundo ele, a inflação não poderá
cair. Se concretizado, acredita ele que a inflação convergirá para o centro da
meta, visto que os gastos públicos são também fortes na demanda agregada.
Demanda esta, que, se maior do a oferta agregada, tem gerado o hiato
inflacionário.
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