DESANCORAGEM DA EXPECTATIVA DA INFLAÇÃO

 

22-10-2024

PÁGINA DA CONJUNTURA ECONÔMICA

As políticas econômicas conjunturais, isto é, de curto prazo, pelo menos, desde John Maynard Keynes, que escreveu o livro clássico, chamado de “Teoria Geral” (da Ciência Econômica) têm sido conjunturais. São elas, combinadas, a política monetária, a política cambial e a política fiscal.

O último boletim Focus, de pesquisas semanais do Banco Central (BC), desde o ano 2.000, mostrou que a expectativa de mercado para a inflação monetária é de 4,5%. Vale dizer, no teto da meta fixada pelo Conselho Monetário Nacional. O BC, desde a sua última reunião do seu Comitê de Política Monetária, resolveu iniciar um ciclo de alta da taxa básica de juros, a SELIC, considerando que está havendo uma desancoragem do processo inflacionário. Quer dizer, referido processo se reflete no aumento descontrolado do nível geral de preços, estimado continuadamente pelo IBGE, que alcançou, em doze meses, 4,5%, através da captação estatística do Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), estimado nas seis grandes regiões metropolitanas do País.

Por seu turno, o presidente do BC, veio ontem a público declarar que é preciso um choque fiscal positivo para a inflação, além da elevação da taxa SELIC, choque este, tanto do lado da melhora da arrecadação (regulamentação da reforma tributária), como do lado dos gastos públicos seletivos, voltando a ter superávit primário, para pagar os juros da dívida do governo central.

Por sua vez, a inflação importada tem se refletindo nas importações de petróleo, de outros bens e equipamentos, que tem ficado mais caras, refletindo-se no preço do dólar comercial, em elevado nível atual, próximo de R$5,70 e em direção a R$6,00, e não abaixo de R$5,00, conforme gostaria de alcançar o feito, a equipe econômica.

Em entrevista concedida ontem em Washington, o presidente do BC, Roberto Campos Neto, ao responder porque o Brasil está na contramão da política monetária, com o Federal Reserve, ao elevar a taxa SELIC, ele se referiu: “Estamos em diferentes ciclos. O Brasil foi o primeiro a elevar (a taxa de juros) e agora foi o primeiro a cortar. E no caso do Brasil o que estamos vendo é que a economia está muito resiliente, o mercado de trabalho está muito apertado, começamos a ver um hiato do lado do produto, que estava positivo”.

Quanto a “economia estar resiliente”, ele quer dizer que a economia brasileira está mais flexível, ao lidar com os obstáculos e tem a capacidade de manter a esperança e o foco, mesmo diante de dificuldades. Já com respeito a “um hiato do lado do produto”, ele está se referindo a que há mais demanda agregada do que oferta agregada, refletindo-se em maior taxa inflacionária.  

Em resumo, Campos Neto reafirma o compromisso do BC em perseguir a convergência da inflação ao centro da meta, em estreita atenção para que o País jamais volte a repetir o processo inflacionário de 1985 a 1994, quando o País conviveu com elevadíssimas taxas de inflação. Vale dizer, há total convencimento no BC de que a inflação desorganiza o processo produtivo e se conduz para a concentração de renda, infelicitando a maioria dos cidadãos.

 

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