DÉFICIT PRIMÁRIO RECORRENTE
19-12-2024
Por que tanto se fala em déficit primário do governo federal, tanto na economia doméstica como na economia internacional? Este é um conceito simples, observado quando as despesas do governo são maiores do que as finanças públicas. Ter saldo primário positivo é fundamental para o País pagar os juros da dívida publica e, caso sobre, para fazer investimentos em infraestrutura.
Historicamente, o Brasil obtinha déficits primários
sucessivos, o que era tomado de empréstimos e aumentava a dívida pública. Um
problema sério de dependência financeira, que, no passado mais longínquo, era a
dependência da dívida externa, desde 1822, quando da independência política. Se
não pagasse, o País ingressava em moratória. Quase três séculos o País veio
assim. Porém, desde o advento do Plano Real, em 1994, que o Brasil foi
diminuindo sua dívida externa e hoje ela é pequena, menor do que 10% da dívida consolidada,
que é hoje basicamente dívida interna.
Na história, a luta por superávit primário foi grande. Mas, a
partir de 1998 o Brasil irá ter 16 anos de superávits primários sucessivos.
Entretanto, em 2014 voltou ao déficit primário, até 2021. Em 2022, teve um
superávit primário de R$52 bilhões. Mas, em 2023 voltou ao déficit primário de R$230,5
bilhões, equivalentes a 2,12% do PIB, porque houve pagamentos extraordinários
de precatórios, elevação exponencial dos gastos sociais e crescimento da
máquina pública no terceiro mandato do presidente Lula.
Já orçamento público de 2024, aprovado pelo Congresso
Nacional, foi aprovado déficit primário zerado, podendo haver um viés de
déficit de até R$28 bilhões. Não é o que está ocorrendo e o governo centr4al
está envidando esforços para cumprir o arcabouço fiscal e vem anunciando há
cerca de um mês que poderá fazer forte corte de gastos públicos e o BNDES ainda
hoje poderá anunciar medidas de aportes ao governo federal, visando cumprir a
execução orçamentária.
Nesta semana, o boletim Focus do Banco Central, que desde o
ano de 2.000 ausculta cerca de 100 economistas de instituições financeiras,
divulgando semanalmente, pela 11ª semana seguida, estimou que o déficit
primário deste ano poderá ser de 0,60% do PIB. Há uma distância grande para o encontro
de contas. Ou seja, percentualmente, mais 0,35%, nominalmente, R$67,2 bilhões.
Ademais, o déficit nominal, que é o déficit primário mais os
gastos com os juros da dívida pública, está calculado se aproximando por volta
de 10% do PIB. Nas atuais circunstâncias, os juros da dívida pública são
rolados, isto é, por empréstimos tomados no mercado financeiro, implicando em
elevação da dívida publica bruta.
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