HOJE DEFINIÇÃO DA TAXA BÁSICA DE JUROS

 

06-11-2024

O COTIDIANO PREVISÍVEL

O cotidiano previsível ocorre quase sempre nas reuniões de política monetária, quando o Banco Central (BC) realiza cenários com estatísticas do seu departamento próprio. Há muito tempo que o colegiado do BC segue a sinalização das medianas das taxas de juros futuras estimadas pelas principais instituições financeiras brasileiras, isto porque têm elas equipes de acompanhamento da conjuntura econômica há muitos anos.

A cada 45 dias se reúne no Brasil o Comitê de Política Monetária do Banco Central, com a finalidade de avaliação do cenário econômico doméstico, sem deixar de levar em consideração também o cenário da economia internacional. Não sem motivo, há uma coincidência da reunião referida no Brasil com a data da reunião do Federal Reserve (FED, como é simplesmente chamado o banco central dos “bancos estaduais” de lá, visto que cada estado americano parece ter um “banco central”, mas eles se aliam nas definições de política monetária). Como o Brasil iniciou o ciclo de baixa da taxa básica de juros, a SELIC, antes do FED e do Banco Central Europeu (estes estão alinhados), somente agora, na última reunião é que eles começaram o ciclo de baixa dos juros básicos, depois de três anos de taxa congelada. No País, ao contrário, reiniciou-se o ciclo de alta da SELIC, visto que a inflação daqui está saindo da meta inflacionária (de 3,0%) mais o viés de alta (de 1,5%), planejados pelo Conselho Monetário Nacional.

Na reunião iniciada ontem (05) e que termina hoje à noite (06), como quase sempre o mercado financeiro acerta a decisão do referido Comitê, devido a fazer sempre uma análise técnica. São mais de 100 instituições financeiras credenciadas pelo BC, que revelam a sua mediana ao mercado como um todo, desde o ano 2.000. Desta vez, o mercado financeiro se pronunciou por uma aceleração da alta da taxa SELIC, visto que a elevação se iniciou na semana passada, de 0,25%, provavelmente, poderá ir para 0,50%, sendo o que está sendo assinalado pelo mercado financeiro. Mas, parece que é pouco, numericamente, mas não é. Trata-se de um aumento de 100 pontos percentuais no adicional da taxa SELIC. Ademais, eles ainda assinalaram que o Comitê poderá fazer  outra dose na SELIC de 0,50%, na reunião do final do ano, fechando este exercício em 11,25% anuais, visando a desancoragem das expectativas inflacionárias, em cenário de incertezas fiscais, influências dos humores das eleições nos Estados Unidos, praticamente definidas para Donald Trump, que declarou que irá valorizar os ativos americanos, via elevação do dólar, além de exercer forte pressão sobre os ativos brasileiros, principalmente do dólar comercial, que subiu 5,5%, desde a última reunião do referido Comitê em setembro.

Diante da preocupação com o elevado déficit primário e a indefinição da regulamentação da reforma tributária, além da falta de cumprir a promessa do corte de gastos, feita antes das eleições municipais, os juros futuros têm subido. A curva dos referidos juros está precificando uma taxa SELIC superior a 13,50%, para o que parece ser o final do ciclo de alta, acreditado agora no segundo semestre de 2025. Aliás, a taxa de alta se iniciou em setembro, saindo de 10,50% e poderá chegar praticamente ao pico dos 13,75%, desta década, que existiu no período de agosto de 2022 e agosto de 2023.

Em resumo, ao ocorrer o acima previsível, o País terá a quarta maior taxa nominal de juros do mundo, atrás da Turquia, Argentina e Rússia. Porém, a taxa real de juros poderá ser a segunda do mundo, somente atrás da Rússia, um país que se encontra em guerra.

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