CRISE DE CONFIANÇA
15-12-2024
Instalou-se no País uma crise de confiança entre o governo central e o mercado financeiro, devido principalmente ao estouro das contas públicas, à promessa orçamentária de cumprir o déficit primário zerado, o que está parecendo que não será cumprido, assim como a um pacote de gastos, que, na verdade, é u pacote fiscal, que desagradou ao referido mercado, visto que surpreendeu com propostas de alteração de tributos, quando nem mesmo ainda foi regulamentada a reforma tributária aprovada em 2023. Uma consequência imediata tem sido à alta do dólar comercial e consequente perda do valor da moeda brasileira, que é o real.
Além do mais, o dólar alto e crescente desvaloriza os ativos
brasileiros. Por exemplo, o dólar comercial avançou 4,2% desde novembro até o
dia 14 de dezembro. Ou seja, em 44 dias, o valor do dólar subiu bem mais do que
a projetada elevação do PIB deste ano, cuja melhor avaliação foi feita
anteontem pelo Banco Itaú, de crescimento de 2024 de 3,6% do PIB. Por outro
lado, existe a incerteza da aprovação do pacote de contenção de gastos, um
pacote fiscal, que poderá ter a aprovação nos próximos 7 dias, visto que o recesso
do Congresso se dará no dia 23 deste mês. Ainda, por seu turno, o Congresso tem
que aprovar o orçamento para o ano de 2025 e a lei de regulamentação da reforma
tributária, que vigorará a partir de 2026. Os congressistas estão reticentes e
querem que continue a distribuição das cotas das emendas parlamentares, cujas
normas foram alteradas pelo STF. É um caldo grosso para ser deglutido, em
sentido figurado.
Ademais, mesmo o dólar subindo durante o ano inteiro, o Banco
Central não tinha feito nenhuma intervenção no câmbio, vendendo dólar ou via
swap cambial, o que vinha sendo previsto toda vez que o real se desvalorizasse
muito. No governo federal cabe ao Banco Central o exercício da política
monetária e a política cambial, enquanto a política fiscal é exercida pelo
Ministério da Fazenda. Convém lembrar que, desde a primeira metade do século XX,
que John Maynard Keynes, consagrou em seu livro “TEORIA GERAL do emprego, dos
juros e da moeda”, que as três políticas econômicas citadas são os mais
importantes exercícios governamentais da direção econômica do País.
No último dia útil desta semana, dia 13 passado, o Banco
Central voltou a entrar, vendendo dólares, para baixar o valor da moeda
estrangeira, mas não conseguiu seu intento, de fazer o dólar valer menos de
R$6,00. O dólar fechou aquele dia em R$6,04.
Outra grande queixa do mercado financeiro está na trajetória
da dívida pública. Ou seja, o Banco Central começou em setembro a elevação da
taxa básica de juros, que terminou dezembro em alta de 12,25%, sinalizando
ainda que faria mais duas altas seguidas de 1,00%, cada uma, nas duas próximas
reuniões do seu Comitê. Instituições financeiras importantes do mercado
projetam para o final de 2025 uma SELIC de 15,00% anuais. A dívida pública
bruta caminha para a casa de 90% do PIB. Sem superávit primário, previsto para
o final deste ano, em mais um ano seguido, o déficit primário tem de ser rolado
e isso encarece a dívida pública, em face dos juros atuais praticados. Sem
superávit primário também não se abre espaço para mais investimentos em
infraestrutura.
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