DE REPENTE MUDAM AS EXPECTATIVAS
05-12-2024
Um dos fundamentos da economia brasileira é o PIB. No Brasil, ele é calculado trimestralmente pelo IBGE. Entretanto, com grande atraso é divulgado. Refere-se o IBGE à necessidade de fazer várias revisões, para entregar o resultado o melhor possível. Por exemplo, o PIB do terceiro trimestre foi divulgado no dia 3 deste mês, 64 dias depois do levantamento estatístico, crescendo 0,9%, no trimestre anterior fora de 1,4% e no primeiro trimestre fora de 0,8%. Isto está ultrapassando os 3% anuais. Porém, as decisões econômicas são imediatas e se baseiam no presente. O PIB estimado pela equipe econômica no terceiro trimestre era de 3,2%. Face ao novo dado efetivo do terceiro trimestre, ele agora passou a ser projetado em 3,5%, reiterando referida equipe declarações do próprio presidente Lula, há vários dias atrás.
Alguém, menos esclarecido, pode informar que a expectativa
somente se elevou em 0,3%. Contudo, não foi isso não, a esperança de
crescimento é, na verdade, de 9,375%.
O PIB do terceiro
trimestre, aliado à expectativa de novo governo de Donald Trump, declaradamente
mais protecionista, além das guerras que continuam no Oriente Médio e entre a
Rússia e a Ucrânia, tem implicado em mais inflação, tanto ao nível mundial como
local, levando a mais pressões sobre o Banco Central (BC) para conter a
inflação e fazê-la convergir para o centro da meta de 3,0%, algo muito difícil
no cenário atual. A inflação está fugindo do teto da meta de 4,5% e,
provavelmente, o ciclo alta da taxa básica de juros, a SELIC, poderá continuar.
Na última reunião do ano a elevação pode se elevar de 0,50% para 0,75%,
conforme está precificando a maioria das fontes do mercado financeiro,
consultadas semanalmente pelo BC.
As flexibilidades do consumo das famílias e do investimento
privado reforçam a percepção de que a economia brasileira está crescendo acima
do seu potencial, isto é, em marcha forçada, o que leva ao hiato entre demanda
agregada e oferta agregada, o que tem sido corrigido pelo BC via elevação da
taxa SELIC. A economia brasileira vem sendo aquecida por treze trimestres
seguidos de PIBs positivos.
Segundo Cláudio Considera,
do Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getúlio Vargas, responsável
pela avaliação da contabilidade nacional, em entrevista à CNN Money, a economia
continua tendo crescimento estável. Crescimento estável? Termos inapropriados,
para uma economia que continua mudando de patamar e crescendo em marcha
forçada. O preço que se está pagando é mais inflação. O correto é crescimento
em ascensão. “A perspectiva é que a economia continue crescendo, terminando
este ano em 3,5%”. Já há quem diga que
será mais. O fato é que a perspectiva muda bastante, depois da divulgação do
PIB trimestral pelo IBGE, o cenário deste ano está melhorado.
Arrepiando o mercado financeiro, a XP Investimentos está
projetando uma elevação da SELIC de 1% em dezembro; de 1% e janeiro; de 0,5%,
em duas reuniões seguintes, em cada, finalizando o ciclo de alta em 14,25%,
provavelmente, chegando ao seu pico. Quer dizer, em cenário futuro, pelos
próprios dados, cenário em projeção piorado.
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