PASS THROUGH

 

28-12-2024


Na análise da conjuntura econômica que faz diariamente o Estado de São Paulo (o Estadão) há a referência ao pass through, usado na literatura econômica, mas, não como dois conjuntos de movimentos de dinheiro, como dito pelo Estadão, mas como vários movimentos (relativos às transações com dólares e com reais), que recebem os reflexos dos repasses das elevações da taxa de câmbio no processo inflacionário, ou, nas efetivações dos investimentos, ou, no volume de transações no comércio exterior, além das inúmeras transações na balança de serviços, tanto como serviços comuns como nos serviços da dívida (juros) e amortizações de capitais. As saídas diminuem a quantidade dinheiro disponível para inversões. Afetando, isto é, reduzindo, o crescimento econômico. Mas, então, porque, no ano passado se cresceu por volta de 3,0% e neste ano o crescimento de 3,5% do PIB foram bons?

Ora, a elevação grandiosa dos benefícios sociais afetou fortemente o consumo das famílias, grande item da demanda agregada, que perderá fôlego com cortes de gastos e com mais ondas no processo inflacionário. Na verdade, foi forçado o PIB potencial. A economia cresceu acima da sua capacidade e isso tem fôlego curto.

Como saldo da saída de capitais do País, em apenas 19 dias de dezembro, o Banco Central registrava aproximadamente US$15 bilhões. Como referido aqui ontem, neste dezembro está havendo um movimento crescente da saída de capitais, quando ocorre geralmente o contrário devido às festas de fim de ano.

No primeiro conjunto de movimentos, há os repasses de altas cambiais aos preços domésticos, que se refletem na elevação da inflação, que está correndo em velocidade maior do que a geralmente esperada. O Estadão se refere a que uma consultoria já calculou, que a inflação deste mês poderá ser de 1,0% no IPCA de 12 meses. Quer dizer, hoje está em torno de 4,8% e poderá chegar a 5,8%, fazendo o contrário do que o BC, mas, desancorando ainda mais a inflação do centro da meta de 3,0%, mesmo com viés de alta de 1,5%, chegando a 4,5%, sendo a diferença de 1,3%.

No segundo conjunto dos movimentos, relativos aos novos projetos de investimentos, devido às elevadas taxas de juros aqui praticadas, o próprio mercado financeiro já vem um recuo na taxa de incremento do PIB de 1,5%.

No terceiro conjunto de movimentos, as exportações são estimuladas e as importações desestimuladas, no momento em que o País precisa importar cada vez mais bens de capital, além de haver saída de capitais, que podem estar saindo de novos investimentos.

Em resumo, se na esfera monetária (quantidades de moedas em circulação vezes as suas velocidades) forem maiores as restrições, haverá também restrições na esfera produtiva (nos PIBs dos três setores, agropecuária, indústria e serviços). Dessa maneira, o PIB total poderá crescer menos e, quiçá, ingressar em recessão, o que estaria, em tese, longe.

 

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