PURA SORTE
07-12-2024
A reação do presidente Lula, no Rio Grande do Sul, ao inaugurar mais uma unidade de papel e celulose do grupo SUZANO, à mídia conservadora, de que o bom desempenho da economia brasileira é pura sorte, foi a de que o País trabalhou para isto e é a verdade. Não foi pura sorte. Dentro deste espírito de otimismo, Lula agora vaticinou que a economia brasileira neste ano pode encerrar o exercício, tendo um PIB crescendo 4% ao ano. Ele também lembrou que, no início do ano, a pesquisa semanal do Banco Central projetava um incremento da atividade econômica para este ano de 1,5% (na verdade foi de 1,6% a estimativa do mercado financeiro e também não vai se querer que ele tenha a memória exata).
As previsões do mercado financeiro, conforme pesquisas
semanais referidas apontam para um incremento do PIB do segundo biênio do
governo atual, em torno de 2%. Será que o governo central reagirá com o
crescimento do dobro do PIB projetado? A ser verificado. Se acontecer, também,
não será pura sorte.
Sem dúvida, o País precisa fazer as reformas tributária e
administrativa. A primeira, já aprovada e que precisa de lei para sua
regulamentação. A segunda, nem ingressou em estudo pelos congressistas.
O fato é que o País precisa incrementar os investimentos
produtivos e existe um amplo caminho para percorrer, para que o País saia do nono
lugar no PIB global e volte para sexto, onde já esteve. Quiçá, para 5º lugar, o
que é compatível com a sua quinta população mundial e com o quinto território
global.
O que está ocorrendo é que a demanda efetiva é quem incrementa
o aparelho produtivo. Sem dúvida, o que ocorreu e ocorre é uma forte puxada no
consumo das famílias perante os elevados gastos dos programas sociais. A
demanda agregada é o conjunto da soma do consumo das famílias, dos
investimentos, dos gastos do governo, das exportações menos as importações. É a
demanda agregada que vem na frente, puxando a oferta agregada (PIB mais
importações).
Então, não está acontecendo nenhum “milagre” econômico. Os
motores da atividade econômica vêm dos gastos do governo, impulsionando os
outros agregados da demanda (consumo das famílias, investimentos, exportações
menos importações). Logo, desde o primeiro mês do atual governo se voltou a ter
déficit primário. Isto é, receitas do governo menos despesas públicas. Como conseguir
dinheiro para tapar o rombo? O governo federal se socorre se endividando no
mercado financeiro. Assim, em última instância, a dívida pública vem dando
saltos e se aproxima perigosamente de 80% do PIB, saltando da casa dos 70%.
Para atrair capitais, o governo federal oferece juros altos para os títulos
públicos. Os rentistas os compram, acreditando que o governo federal não tem “riscos”
e a dívida pública vai crescendo feito bola de neve.
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