PERDIDOS EM NÚMEROS DE RENÚNCIA FISCAL
14-06-2025
Em tese, a renúncia fiscal é deixar de arrecadar o que poderia
tributar os agentes econômicos, porque as autoridades econômicas visam
estimular ou preencher uma lacuna de atividade produtiva, que não vem
espontaneamente. Os incentivos são de três formas, sendo os mais importantes os
fiscais. Porém, também, importantes são os incentivos materiais e os incentivos
financeiros.
Os chamados incentivos fiscais
são para promover atividades empresariais, em diferentes segmentos produtivos, em
diferentes regiões e em regiões deprimidas. Como exemplo, tem-se a Zona Franca
de Manaus, que por várias décadas contaram e contam com muitos incentivos
fiscais, materiais e financeiros. Os incentivos governamentais são estruturais,
visto que alteram as estruturas dos setores produtivos. Por exemplo, se não
existirem não se atraem capitais ou, sem incentivos, eles vão embora, tal como
fez, por exemplo, a Ford, que saiu do Brasil, depois de muitos anos aqui
recebendo incentivos. Portanto, é um problema mexer neste vespeiro. A equipe
econômica ensaiou fazer isto, recentemente, em reunião de mais de quatro horas
no Planalto, para substituir o decreto do IOF, e não o fez, preferindo fazer um
outro decreto, reduzindo os efeitos do IOF e os especificando, além de uma
medida provisória, propondo aumento do imposto de renda em aplicações
financeiras isentas, em títulos do mercado financeiro, criadas, justamente,
para incentivar a indústria da construção civil e o agronegócio. Os titulares
dos sindicatos patronais são unânimes em afirmar que, a tributação pelo imposto
de renda de referidos títulos irá desestimular a atividade econômica, além de
que o aumento de tributos será transferido para os consumidores, aspecto que
tem se revelado como mais inflacionário.
Então, anteontem, o Ministro da Fazenda, Fernando Haddad, explodiu
em revelar os subsídios nos referidos dois segmentos produtivos: “O País não
aguenta mais”. Isto é, conceder ‘R$1,7 trilhão de isenção de impostos’ em
títulos do mercado financeiro, tais como Letras de Crédito Imobiliário (LCI) e
Letras de Crédito Agrícola (LCA), conforme informou anteontem à conhecida e
experiente jornalista Mônica Bergamo. Continuou Haddad: “Uma isenção desse
tamanho não tem paralelo na história do País”.
O número de R$1,7 trilhão, por certo, foi conseguido nas
contas consolidadas do Banco Central. Entretanto, o conceito de economia é bem ilustrativo:
“uso de recursos escassos para fins alternativos”. Ora, se houvesse tributos,
jamais seria R$1,7 trilhão, seria um n úmero bem pequeno, além de não incentivar
a agropecuária e a construção civil, responsáveis por grandes contingentes de
empregos.
O desabafo acima de Haddad é mesmo um aperto de caixa que o
Ministério da Fazenda vem sentindo no curto, médio e longo prazo, devido aos
escalados custos públicos. Os isentos protegem os rentistas. Haddad continuou:
“Não faz sentido manter a isenção neste patamar. Não conheço um economista,
mesmo liberal que defenda isso”.
Por seu turno, o Ministério da Fazenda fez revisão dos
cálculos, relativos ao decreto de maio, em poucos dias, para o decreto de abril.
Parece que eles não têm informações direitas dos valores e ficam estimando ao
vento. A Medida Provisória (MP) e o decreto complementar deste junho têm nova
estimativa de arrecadar R$10 bilhões, neste segundo semestre, por MP, (antes a
previsão era de R$20 bilhões, de julho a dezembro de 2025, sendo algo surreal a
nova estimativa, R$10 bilhões a menos, para justificar a MP de cobrar imposto
de renda de títulos do mercado financeiro), além de R$20 bilhões em 2026. Por
sua vez, o decreto do IOF deverá gerar entre R$6 bilhões a R$7 bilhões.
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