SAMBA DO CRIOULO DOIDO
10-06-2025
A ciência econômica se compõe de história econômica, teoria
econômica, que é composta de microeconomia e de macroeconomia, política
econômica, composta de diagnóstico e de planejamento econômico, além de
economia internacional, instrumentadas pelas ciências afins, tais como a
matemática e a estatística.
O que está acontecendo mais uma vez na atual política econômica
é um “samba de crioulo doido”. Ou seja, uma parodia e uma sátira crítica de uma
música composta por Sérgio Porto, que tinha o pseudônimo de Stanislaw Ponte
Preta, escritor e humorista, que em 1964, mostrou o ensino da história e a
própria construção da identidade nacional, demonstrada nos enredos das escolas
de samba no Carnaval. A política econômica de curto prazo que o governo federal
está fazendo é uma manifestação de situações, dentro da “arte do possível”, que
é a política do País. Assim, este tem um orçamento aprovado, o qual tem que ser
exercido. Somente a Previdência Social é responsável por 50% das verbas dele. Tem
uma lei de arcabouço fiscal para ser cumprida e ele não quer cortar gastos,
somente aumentar a carga tributária. Depois do decreto que aumentou o IOF, o
Congresso se manifestou contrário e a equipe econômica andou declarando que
iria cortar os subsídios de R$800 bilhões, previstos para este ano. Todavia,
mudou radicalmente. Não mais mencionou os incentivos fiscais, que seriam medidas
estruturais, mas que ficariam intactos e trouxe novas medidas conjunturais.
Em reunião de cinco horas no Planalto, anteontem, afirmou o
Ministério da Fazenda, que retiraria o decreto, mas quer ampliaria a taxação
sobre as BETS, de 12% para 18%, além de criar imposto de renda para Letra de
Crédito do Agronegócio (LCA), Letra de Crédito Imobiliário (LCI) e de debêntures
dos referidos setores (CRA, CRI), na alíquota de 5%., por medida provisória. A
polêmica continua, visto que citadas aplicações financeiras são isentas e para criar
imposto tem o princípio de anualidade de ser respeitado. Mas, ainda, manteria
IOF parcialmente, não no valor de R$20 bilhões, mas, no valor reduzido para R$7
bilhões. É ou não é uma confusão? A equipe econômica ainda aventou a ideia de
que deveria ser criado um imposto de renda unificado de 17,5% sobre as
aplicações financeiras. Realmente, está um governo perdido em cipoal de ideias
controversas e irrealizáveis, levando ao desgaste que somente tem feito reduzir
a popularidade do governo há vários meses. No mercado financeiro também se
referiu a reduzir o valor das emendas parlamentares. Mas, estes nem querem nem
ouvir falar disto.
O presidente da Câmara, Hugo Motta, declarou que não há
compromisso de aprovar a medida provisória que enfeixaria as novas normas. O
presidente da Câmara Brasileira da Indústria da Construção, Renato Correia
afirmou que a indústria da construção civil terá menos recursos disponíveis para
negócios. Assim se pronunciou: “Nosso setor vê com bastante preocupação (as
novas medidas). O que a gente entende é o governo, para conseguir o equilíbrio
fiscal, precisa trabalhar as receitas, mas também a eficiência do gasto, e a
gente não tem visto medidas de corte de gastos para que haja esse equilíbrio
com a menor tributação possível”. Correia argumentou que ainda existe um
déficit habitacional de 7 milhões de habitações. A LCI era um incentivo, para
ele, agora, poderá se tornar um desincentivo. Uma frente parlamentar, incluindo
o agronegócio, pronunciou-se veementemente, dizendo que está sendo velado é uma
elevação da carga tributária. Mas, ela tem uma grande bancada no Congresso e
dificilmente o aumento de impostos passará.
Em resumo, repete-se aqui que existe um cipoal de leis,
decretos, normas e regulamentos, além do que o Congresso Nacional mais discute
são medidas provisórias. Entretanto, o governo federal fica na gangorra que,
ora aumenta os gastos públicos, ora aumenta os impostos, e o déficit público
continua, com as suas consequências negativas para a economia brasileira. É ou
não é semelhante ao “samba do crioulo doido”?
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