CONCENTRAÇÃO DE RENDA NO SÉCULO XXI

10-08-2024

A tese principal do economista Thomas Piketty, professor, pesquisador e conferencista internacional, principalmente em seu livro mais conhecido “O Capital do Século XXI”, é que a desigualdade econômica tende a aumentar ao longo do tempo em economias capitalistas, podendo para isso ser contrabalanceada por políticas públicas. O autor argumenta que a taxa de retorno sobre o capital geralmente supera a taxa de crescimento econômico, significando que a riqueza acumulada cresce mais rapidamente do que a economia como um todo, levando a uma concentração cada vez maior de renda e riqueza em grandes fortunas.

A consultoria Capgemeni é uma empresa global de tecnologia e transformação digital, baseada em Paris, França, fundada em 1967. Ela identificou que quase 23 milhões de pessoas em todo o mundo possuem mais de um milhão de dólares em capital disponível, correspondentes a cerca de 3% do total da população global, concentrando riqueza de US$86,8 bilhões, através de estudo publicado no mês de junho. Por seu turno, observou que o número de milionários se elevou 5,1% no ano passado, alcançando a marca de 22,8 milhões de cidadãos em 2023. Ao mesmo tempo identificou que a fortuna desse grupo cresceu 4,7%, correspondentes a US$86,8 trilhões.  

O crescimento em exame se deveu principalmente aos ganhos no mercado acionário, segundo ela. O levantamento considerou ricas as pessoas cujo capital disponível, sem considerar sua residência habitual, ultrapassou US$1 milhão em 2023.

Na presidência do G-20, o Brasil lidera a proposta de criar de um tributo global para os milionários. Entretanto, o alvo é um grupo de pessoas muito menor. A ideia é de criar um tributo de 2% sobre os ultras bilionários, que são 2.781 em todo o globo, conforme a última classificação da revista Forbes.

A proposta já recebeu o apoio dos Estados Unidos e da França, tendo o Ministro Fernando Haddad, da Fazenda, mantido contatos para obter apoio dos governos da Itália e da Espanha. Os recursos a serem apurados serviriam para ações de combate à fome e às mudanças climáticas.

A proposta tem semelhança com outras que já surgiram no mundo. Como a de James Tobin, posteriormente ganhador de um Prêmio Nobel em Economia, de resolver o problema da miséria e da pobreza mundial, através da taxação de 1% das transações no comércio internacional.

É muito difícil e tem sido impossível resolver referidos problemas, visto que as legislações de diferentes países são bastante diferentes e teriam de ser adaptadas a uma proposta de um consenso comum, que não existe, visto poucos signatários.

Enquanto isso, os ricos continuam mais ricos, beneficiando-se de incentivos fiscais, financeiros e materiais dados pelos países que querem buscar ou ampliar o n´mero de grandes empresas em seu território. Ademais, bilionários, como Bill Gates, Melina, Gates, Warren Buffett, dentre outros, fazem doações para filantropias, as quais são dedutíveis do imposto de renda. Vale dizer, ficando mais ricos, através de suas empresas.