ACOMODAÇÃO DA INDÚSTRIA

31-07-2024

O presidente da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (FIESP), Josué Gomes, industrial de grande porte, filho de José Alencar, o qual fora vice-presidente do primeiro e do segundo governo de Lula (2003-2010), declarou que a indústria falhou ao se acomodar com o tamanho do mercado interno. A declaração veio em entrevista ao site da revista Isto é Dinheiro, ontem. Assim, a revista assinalou: “apesar de colocar a elevada taxa de juro, a carga tributária também elevada e o baixo crescimento econômico como os principais fatores causadores da retração da indústria nos últimos 30 anos, admitiu, nesta terça, dia 30, que o setor também falhou ao se acomodar com o tamanho do mercado interno e ter deixado de buscar mercados externos, como fez o agronegócio”. Continua a publicação: “Ele ponderou sobre o fato de o Brasil ter uma economia fechada e da necessidade de se ter em mente que a corrente do comércio brasileiro era menos de 10% do Produto Interno Bruto (PIB) há algumas décadas. ‘Era uma economia fechada, mas foi se inserindo no mercado mundial. Mas, como mercado interno era grande, a indústria brasileira, com algumas exceções se acomodou’, disse o presidente da FIESP”. Josué Gomes, no entanto, citou as exceções, daquelas que mais evoluíram, tais como o segmento da indústria alimentícia e o da EMBRAER, de alta tecnologia.

Em vista do exposto, convém fazer reparos. Em primeiro lugar, desde o início do século XX, principalmente a partir de 1930, o governo federal blindou a indústria incipiente com o processo de industrialização via substituição das importações. Isto é, protegeu a indústria da concorrência mundial e ficou fechada, ao tempo em que pouco crescia na sua produtividade, já que não era incomodada. Cresceu muito e seu ápice no PIB ocorreu por volta de 1975, com 25% de participação. Porém, o grande desenvolvimento empresarial ocorreu nas últimas décadas com o agronegócio, que desde os anos de 1970 arrancou para incrementos cada vez mais significativo da produtividade agrícola, enquanto a indústria encolhia. Ou seja, se na primeira metade do século XX a indústria cresceu protegida, na segunda metade do século XX e, neste século, a agropecuária deslanchou e se comporta como uma das mais eficientes do mundo, ultrapassando, em muito, o PIB industrial, na participação do PIB global.

Em segundo lugar, a indústria brasileira não acompanhou o progresso técnico da indústria dos países do seu nível, tidos como emergentes. Assim, ficou cada vez menos competitiva para atuar no mercado externo e, até mesmo no mercado interno, visto que sempre pediu ao governo privilégios em incentivos fiscais, materiais e financeiros.

O propósito deste artigo, sempre aqui em uma lauda, é colocar um assunto que tenha uma boa colocação, para um processo discursivo com os alunos.

No caso da indústria, houve um desenvolvimento de um capitalismo tardio, com as importações de máquinas e tecnologias, e não, a predominância de desenvolvimento tecnológico próprio e em busca da autossuficiência. Claro, que os juros elevados, principalmente para o capital de giro e a carga tributária excessiva completaram o quadro de dificuldades pela qual passa a indústria brasileira.

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