REFLETIR SOBRE OS JUROS, A INFLAÇÃO E A CONJUNTURA

 

18-01-2025


No cenário mundial, desde que começou a pandemia do covid-19, em 2020, e terminou em 2022, a inflação mundial foi combatida, pelos bancos centrais globais, via elevação da taxa básica de juros. Inflação e juros caminham no mesmo sentido, em estradas diferentes. A principal economia mundial, os Estados Unidos da América, tomando suas decisões pelo Banco Central de lá, o Federal Reserve (FED), manteve os juros elevados por cerca de três anos e somente iniciou o ciclo de baixa no ano passado, com muita cautela, para que a inflação não recrudescesse. No Brasil, o ciclo de baixa se iniciou muito antes e em dosagens relativamente elevadas. A inflação por aqui recrudesceu e, em setembro de 2024, o Banco Central reiniciou o ciclo de alta da taxa de juros. O fato é que a inflação brasileira fechou 2024 em 4,83% e a inflação americana em 2,90%, no mesmo período. A inflação no mundo desenvolvido, geralmente aceita, até porque é a meta da autoridade monetária nos Estados Unidos, é de 2,00%. Aqui, a meta é de 3,00%, mais viés de alta de 1,50%, correspondendo a 4,50%, estando a inflação brasileira bem longe da meta oficial, enquanto nos Estados Unidos a inflação oficial está bem perto da meta. Lá, portanto, eles estão ainda vendo como baixar a taxa de juros. Aqui, de como aumentá-la. Assim, as políticas monetárias lá e cá estão no sentido inverso.

Pierre Olivier Gourinchas, economista-chefe do Fundo Monetário Internacional, órgão onde os Estados Unidos tem maioria nas decisões ou as afeta, em seu benefício, declarou que um atraso no ciclo de relaxamento de cortes da taxa de juros, pelo FED, pode ajudar a fortalecer o dólar americano. Ademais, ele declarou que o rápido aumento da produtividade nos Estados Unidos, desde a pandemia referida, tem atraído capitais, mesmo porque as taxas básicas de lá ainda estão bastante atraentes, para os seus padrões de rendimentos, devido principalmente a segurança dos títulos públicos. Assim, os ativos americanos vão se valorizando, tendo a perspectiva de valorizar-se mais ainda, com a nova gestão de Donald Trump, que se iniciará nos próximos dias, que é protecionista e de que irá fortalecer o dólar.

No Brasil, o dólar comercial teima em não baixar de R$6,00, agora, no dia de ontem, fechou em R$6,06. A esse respeito, o Banco Central do Brasil declarou que irá continuar a intervenção no mercado cambial, vendendo dólares, no sentido de baixar a cotação da moeda. Até agora, pouco conseguiu e tomara que ele não enfrente um ataque especulativo à moeda brasileira, porque isto seria muito ruim para os propósitos da equipe econômica, que ainda sonha em ter um dólar depreciado.

No cenário mundial ainda tem a China, a segunda maior economia mundial e o país que o Brasil vende mais, principalmente, commodities. Ela vem crescendo bem, mas qualquer atraso no crescimento dela afetará bastante o Brasil.

Aqui, no País, parece que o Ministro da Fazenda está atônito. Não consegue emplacar as mudanças que gostaria na política fiscal, visto que o Congresso só tem aceitado, mediante emendas parlamentares e estas têm limites. Ademais, no cenário externo, a sua preocupação também não é menor. Disse ele, ontem, à CNN: “O quadro externo mudou, não sei por quanto tempo, porque não era o previsto no ano passado, mas, mudou radicalmente. As coisas não estão bem, o juro nos Estados Unidos, no patamar em que está, ninguém pode ficar despreocupado”.

Realmente, o citado ministro se encontra em uma “sinuca de bico”. Na verdade, a equipe econômica precisa ter austeridade, com respeito às despesas públicas, e não ficar replicando em aumentar tributos, que até agora não passaram. A propósito, a reforma tributária de 2023 foi sancionada pelo presidente da República, que irá vigorar a partir de 2026, tendo “um” porém, o cálculo da própria equipe econômica, do Imposto sobre o Valor Agregado, superior a 28%, taxação das maiores do mundo, além do que existe uma trava nela, no Congresso Nacional, de que não pode ultrapassar 26%. Problemas, em cima de problemas complicados.  

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