ATA DO COMITÊ DE POLÍTICA MONETÁRIA
23-03-2025
Uma semana depois da reunião do Comitê de Política Monetária do
Banco Central (BC), que se realiza de 45 em 45 dias, bem como em dois dias de
reuniões, na terça e na quarta feira, coincidiram com os dias das reuniões do
também Comitê do Federal Reserve, banco dos bancos centrais entre os dez bancos
centrais dos Estados Unidos. O referido Comitê brasileiro divulgou a ata muito
esperada, na qual ficou patente a elevada incerteza da economia brasileira, na
atual conjuntura, deixando o Banco Central de indicar um novo ajuste na taxa
básica de juros, a SELIC, visto que o fará apenas na próxima reunião, daqui a
45 dias, em maio, deixando passos seguintes em aberto. Depois de três aumentos
seguidos de 1,0%, o BC acenou com um reajuste menor, em maio. Citado Comitê diz
em ata que “cenário é desafiador” para a inflação e isto exige juros mais altos
por mais tempo. Ou seja, piora nas expectativas de inflação exige juros mais
altos por mais tempo, diz o citado Comitê em ata.
Ao elevar a taxa SELIC para 14,25%, três ponderações devem
ser feitas: a primeira, a direção do próximo aumento é para cima; a segunda, de
que não foi encerrado o ciclo de alta da SELIC, perante uma inflação
resiliente, bem acima do teto da meta inflacionária, fixado pelo Conselho
Monetário Nacional; a terceira, o próximo ajuste poderá ser menor do que o
último.
Em razão de tão altos juros, os projetos de investimentos estão
sendo postergados e a economia brasileira está desacelerando, até porque a
demanda efetiva está acima da demanda potencial, o que força a ter-se um hiato
inflacionário.
Por seu turno, a política econômica do governo de Donald
Trump é de atrair capitais do mundo em direção a sua economia, cujo dólar está
sendo fortalecido. A montadora coreana de veículos, Hyundai, mais o presidente
Trump já anunciaram que farão US$21 bilhões de investimentos e nova fábrica de
aço, nos Estados Unidos e, este, já declarou que isentará a empresa de taxas
tributárias. Por isso mesmo, o BC afirmou que, em torno das incertezas,
advindas dos Estados Unidos já restringem novos investimentos e tem impacto
sobre as expectativas inflacionárias, como parte da deterioração do cenário
internacional começando a materializar-se.
Como o propósito desta página é tratar do assunto mais
recorrente, a ata da reunião do Banco Central demonstra realismo, para
controlar a inflação, e não ficar dizendo, como a equipe do atual governo,
presidente, ministros e líderes, de que precisa baixar as taxas de juros e
alguns até se reportam à volta do controle de preços, cujas experiências na
segunda metade do século XX foram de retumbante fracasso.
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