O FÓCO É A VALORIZAÇÃO DO DÓLAR
10-04-2025
Historicamente, os Estados Unidos, desde a sua independência,
provocaram uma corrida para as suas exportações, desvalorizando a sua moeda
quase que continuamente. Mesmo assim, a corrente do comércio de suas
importações veio sendo maior do que as exportações, provocando, historicamente,
déficits da balança comercial.
O principal foco de Donald Trump, desde que assumiu no dia 20
de janeiro o seu segundo mandato, constante do seu discurso enfático, é a
valorizar do dólar, o que, por sua vez, valorizaria os ativos norte-americanos.
Desde a fundação do sistema financeiro mundial, mediante criação do Fundo
Monetário Internacional, em 1944, na cidade de Bretton Woods, que a moeda dos
Estados Unidos da América (EUA), um uma cesta de moedas, foi se tornando a moeda
mais negociada, que hoje responde por mais de 80% das transações mundiais. De
1944 a 1971, teoricamente, as moedas eram conversíveis em ouro. Em 1971, após
Charles D’Gaulle exigir a conversão das reservas francesas, que Richard Nixon
tornou o dólar inconversível e este passou a ser garantido pelo poderio do
império norte-americano. Os EUA emitiram muita moeda para o comércio mundial e,
também, devido aos seus déficits da balança comercial, os EUA começaram a
emitir desmedidamente. O dólar em excesso, para tornar baratas as exportações
dos EUA e este agigantar-se no comércio mundial, passou a ser desvalorizado em
elevada escala. A dívida pública dos EUA foi virando bola de neve e hoje
representa US$36,56 trilhões.
Somente a China possui hoje reservas internacionais, conversíveis
em dólares, no valor de US$3,241 trilhões. Para serem atraídos tais dólares, os
EUA têm mantido elevadas taxas de juros, as quais roladas, aumentam a dívida
norte-americana. Em suma, a moeda de lá ficou fraca e Donald Trump, por
determinação própria, quer valorizá-la. Porém, impondo um tarifaço a 50 maiores
países do comercio internacional (refeitas as contas ontem, nos EUA, são 75
países dispostos às negociações), ele, de início, está provocando uma redução
no crescimento econômico do seu país e elevando a inflação. Vale dizer,
penalizando a sua população. Entretanto, no médio e no longo prazo, pode haver
reindustrialização americana, com melhoria do nível de emprego e de
remunerações, fortalecendo os ativos americanos e a riqueza nacional, os quais
são seus objetivos correlatos. O preço a pagar se torna mundial, devido ao peso
relativo dos EUA como a maior economia do planeta.
No Brasil, as dificuldades tecnológicas, a falta de
produtividade e de competitividade podem trazer embaraços. Por sua vez, as
taxas de juros futuras sobem no Brasil, não só pela dificuldade de captação de
dinheiro, mas, também, pela inflação ascendente.
Ontem, em reviravolta surpreendente, os Estados Unidos deram
uma trégua de 90 dias para os países sobretaxados acima dos adicionais 10%,
mantendo o adicional de 10% para todos os exportadores de fora. Porém, para a
China, eles elevaram a tributação para 125%. Os mercados financeiros e de bolsas
melhoraram, mas não voltaram à melhor situação da semana passada. Há ainda
muitas perdas. A reação da China ainda não se fez ouvir e a União Europeia
continua falando que irá aprovar uma lei para também retaliar. A guerra
comercial continua e o mundo dificilmente voltará a primar pela liberdade de
comércio, o que, em princípio favoreceria a eficiência econômica.
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