FRAUDES BILIONÁRIAS NO SEGURO-DEFESO

 

29-06-2025


Os programas sociais do governo federal são 22, sendo 11 gerais e 11 específicos. A saber, os gerais:  1) Bolsa Família, 2) Benefício de Prestação Continuada, 3) Auxílio Gás, 4) Minha Casa, Minha Vida, 5) Programa Nacional de Alimentação Escolar, 6) Programa Nacional de Acesso ao Ensino Técnico e Emprego, 7) Programa Saúde da Família, 8) Brasil Sorridente é Criança Feliz, 9) Cisternas, 10) Universidade para Todos e 11) Fundo de Financiamento Estudantil. A saber, os específicos: 1) Seguro-Defeso, 2) Garantia da Safra, 3) Aquisição de Alimentos, 4) Auxílio Inclusão (para pessoas com deficiências), 5) Brasil Alfabetizado, 6) Luz para Todos, 7) Mulher Viver sem Violência, 8) Pé de meia, 9) Erradicação do Trabalho Infantil, 10) Brasil Quilombola e Brasil Indígena, Auxílio Reclusão. A relação foi feita por este autor. Pode haver outros assemelhados.

O objeto deste artigo é sobre a fraude bilionária no seguro-defeso. Este é o principal programa de apoio ao pescador artesanal, que durante parte do ano não pode realizar sua pesca e recebe benefícios do INSS. O INSS tem pago benefícios a milhares de pescadores que não existem na forma e conteúdo, principalmente, na Região Amazônica. Aliás, a investigação da Polícia Federal se centrou por lá. Diversos municípios apresentaram fraudes, havendo pagamentos milionários até de pessoas que não exercem a atividade de pesca. Por exemplo, em Mocajuba (PA), quase toda a população adulta foi registrada como pescadora, número incompatível com a realidade local. Há número expressivos de cadastros nos municípios. Porém, a produção de pescados não acompanha os registros. Conforme o Registro Geral da Pesca o número de beneficiários saltou de 1 milhão em 2022 para 1,7 milhão até maio de 2025.  A escalada foi impulsionada por entidades conveniadas com o INSS, muitas delas já investigadas por fraudes. O Maranhão concentra um terço dos registros, seguido pelo Pará.

O esquema está sob investigação e envolve políticos. Por exemplo, A Polícia Federal consultou o COAF que informou que o deputado estadual, ora licenciado, Edson Cunha de Araújo, entre maio de 2023 a maio de 2024 teria movimentado R$5,4 milhões pela federação de pescadores. No Pará, o presidente da Federação de Pescadores, José Fernandes Barra, foi denunciado por inúmeros registros fraudulentos. 

Diante da escalada de fraudes dos últimos anos, o governo federal fez alterações, tornando obrigatória a validação biométrica para os novos registros. Além disso, as prefeituras deverão homologar os beneficiários, desde 11 de junho. O Ministério da Pesca está fazendo cruzamento de dados sobre produção, produtividade e registros. O Tribunal de Contas da União está conduzindo auditoria para quantificar as fraudes.  

O problema de fraudes no seguro-defeso vem desde 2015, quando a Polícia Federal identificou o esquema fraudulento, sendo afastado o presidente da Confederação de Trabalhadores de Pesca, Abrão Lincoln. Este voltou em 2024 à referida presidência e inaugurou nova sede da Confederação, ao lado do Ministro da Pesca, André de Paula, que, instado sobe o assunto, disse que sua presença era institucional. O citado presidente nega as irregularidades, dizendo que “todo o mundo avacalhou, todo mundo tirou carteira de pescador para ter acesso aos benefícios sociais, mas que a responsabilidade não é da entidade”. Ele também criticou a exigência da validação pelas prefeituras: “colocar isso na mão dos prefeitos será um instrumento político”. Como se já não fosse com os outros programas sociais. Relembre-se aqui que o País tem 5.570 municípios.

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