SOLUÇÕES AVENTADAS PARA O IMPASSE DA POLÍTICA FISCAL
28-06-2025
Ávidos por receitas, após o Congresso rejeitar por grande
maioria o decreto de aumento do Imposto sobre Operações Financeiras (IOF), cujo
último similar de decreto votado foi há trinta e dois anos, a equipe econômica
promete submeter ao presidente Lula, várias saídas financeiras, para a atual
crise fiscal, para o déficit primário e para a dívida pública crescente. O
Ministro da Fazenda, Fernando Haddad, quase sempre, ele, vem à imprensa se
explicar pelas idas e voltas da incerta política fiscal, dizendo que tem três blocos
de soluções: cortar gastos ministeriais, encontrar novas fontes de receitas ou
levar o assunto ao Supremo Tribunal Federal (STF), dizendo que é constitucional,
porque tem margem para elevar o percentual do IOF, já que o tributo existe há
muito tempo e de que já houve alterações anteriores no percentual do IOF.
Em primeiro lugar, o corte de gastos é muito complicado e
nenhum ministério quer ceder. Porém, devido aos recentes 383 votos entre os 513
existentes na Câmara, para a derrubada do decreto, o governo federal agora ameaça
cortar parte dos mais de R$50 bilhões de emendas parlamentares, ao contrário
dos deputados que o querem elevar. Continuam apostando na queda de braços entre
Executivo e Legislativo. Em segundo lugar, encontrar novas fontes de receitas,
não está fácil, porque somente quase pensar em elevar a carga tributária, vem
logo à tona de que o assunto não passaria no Congresso Nacional. Estão agora em
cogitação, pela equipe econômica, propor receber dividendos extraordinários das
empresas estatais, assunto que fora eles contra em tempo pretérito. Além de
continuar argumentando de como tributar grandes fortunas, taxar dividendos com
imposto de renda ou elevar impostos sobre heranças. Estas três hipóteses finais
não passaram no Congresso. Em terceiro, lugar, submeter a decisão ao STF é
muito incerto, porque este decide sobre aspectos atinentes à Constituição
Federal, de 1988, a qual forças majoritárias dos atuais donos do poder foram
contra e hoje “rezam na cartilha dela de pés juntos”.
O Banco Mundial, cujo nome completo é o de Banco Internacional
para Reconstrução e Desenvolvimento (BIRD), criado para “reconstruir” o que
fora destruído pela segunda guerra mundial, tornando-se, em seguida, banco
financiador da infraestrutura global, tem uma proposta para a crise fiscal
brasileira. No relatório “Dois por um. Políticas para atingir a
sustentabilidade fiscal e ambiental”, divulgado no dia 26, passado, o BIRD
defende que uma política fiscal verde pode gerar “duplos dividendos”, mediante
ganhos simultâneos para o equilíbrio das contas públicas e para o meio
ambiente. Uma das sugestões é sobre o Imposto Territorial Rural (ITR),
considerado “ineficaz e desatualizado”. Apresenta cálculos, de que o ITR
poderia gerar receitas adicionais, que poderiam chegar até 0,6% do PIB. Outra
sugestão é de elevar tributos sobre combustíveis fósseis, cujo cálculo dele é
de elevar tributos em 0,7% do PIB. Ademais, propõe um redirecionamento do
crédito rural para práticas sustentáveis, introdução de uma precificação de
emissões de carbono e retirada de subsídios agrícolas. O País, segundo o BIRD
poderia elevar mais o crescimento do PIB até 2050, ter superávit primário entre
2026 e 2050. Neste caso, a proposta pode ser bem discutida nos meios acadêmicos
e pela equipe econômica. Mas, de antemão, elevar impostos, com o atual
Congresso, nem pensar para propor. Ademais, a reforma tributária em curso ainda
não foi regulamentada, embora aprovada há bastante tempo. Recorde-se aqui, que
a reforma tributária estrutural do País somente foi realizada e inserida na
Constituição outorgada de 1967. Mexer no cipoal de tributos é uma tarefa
dificílima e ingrata. Parodiando Maquiavel, que dizia que as coisas certas
neste mundo são “a morte e os impostos”, chega=se ao busílis de que estão nas
formas deles.
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