CARGA DUPLA

 

22-07-2025

 

Segundo especialistas do mercado financeiro, a elevação abrupta do Imposto sobre Operações Financeiras (IOF) e a estimativa de Donald Trump, de manter o prometido, de taxar as exportações brasileiras, sem exceção, em 50%, devem ser tratadas pelo mercado financeiro como carga dupla na valorização do dólar americano. O fato é que o aumento do IOF encarece transações cambiais, colocando o dólar para cima, principalmente, no curto prazo. Ademais, a estimativa de aumento de 50% nas tarifas sobre exportações gera tensões nos mercados emergentes e fuga de capitais para o dólar, valorizando-o.

Os movimentos citados gerarão mais imprevisibilidade jurídica, regulatória e de competitividade no contexto brasileiro, além do aumento dos custos operacionais. Por seu turno, investir no Brasil se torna uma das decisões mais arriscadas e incertas. As consequências são vastas e irão influir na redução do ritmo de crescimento do País, além de ter efeitos inflacionários, tornando a luta contra a inflação mais onerosa, via manutenção de altas taxas de juros básicos.

Na véspera do anúncio do tarifaço de 50% sobre as exportações brasileiras, o dólar estava cotado a R$5,44. Subiu cerca de R$0,20, correspondendo a 4%, em pouco tempo e poderá subir mais, devido aos aumentos das tensões políticas e comerciais entre Brasil e Estados Unidos. O ex-diretor de política econômica do Banco Central, Fabio Kanczuk, declarou que: “Se as exportações brasileiras para os Estados Unidos são menos do que 2% do PIB, a gente faz um pouco de conta e vê que vai tirar mais ou menos 0,3% a 0,4% do PIB brasileiro. Não é legal, mas não é brutal”. Não é o que? Segmentos importantes do Brasil já tem seus pedidos de importações sustados pelos norte-americanos. Ele só está olhando a balança comercial e, não vendo também, a balança de serviços, a balança de capitais e, finalmente, o saldo do balanço de pagamentos.

Os segmentos nacionais que poderão sofrer muitos impactos são: 1) na agropecuária, segmentos da soja, milho, algodão, carne bovina e suína, pesca, café e suco de laranja; 2) na mineração, segmentos como alumínio e aço, ferro gusa; 3) indústria calçadista e têxtil; 4) automotivo e pelas; 5) produtos químicos e plásticos.

Os efeitos gerais são perdas de mercado nos EUA; queda da produção interna; desvalorização cambial e redução dos investimentos.

Como aqui é o fito é de uma página, a mais recente reação dentro dos EUA é da Associação Nacional de Pecuaristas, fundada em 1898. Para ela, há muitos anos defende a suspensão total da carne bovina importada. Em suma, pecuaristas dos EUA aplaudem tarifaço e querem banir importações de carne do Brasil. Já, no Brasil, as Associações de Pesca (35 delas) foram à presidência da República protocolar dificuldades de exportação e perdas estimadas, pedindo um crédito especial de aproximadamente R$1 bilhão. Lá e cá há prós e contras. Continua-se aqui, dizendo-se que o grande procura esmagar o pequeno, na concorrência imperfeita, em um processo semelhante ao conhecido na biologia, de fagocitose. Ou seja, a ingestão de partículas por uma célula maior, geralmente com o objetivo de defesa ou de limpeza.

 

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