SELIC A 15% ATÉ O FINAL DO ANO
07-11-2025
Aqui se tem o propósito de, diariamente, examinar a
conjuntura econômica, em uma lauda
A prima dona da economia é a taxa de juros. A política
econômica é feita em função dela. Por isso, o célebre economista Antônio Delfim
Netto, afirmava e reiterava que a taxa de juros é “endógena” ao sistema, na
política econômica, e “exógena” na atividade produtiva. O Banco Central, em
todo o globo, sabe disso e existe principalmente para controlá-la. Uma
expressão funcional seria: PIB = f (i). Onde “PIB” é o produto interno bruto e
“i” é a taxa de juros (como está nos manuais de teoria econômica). Na correta
expressão da função, “PIB” é a variável dependente e “i” é a variável
independente, que o BC existe para domá-la, em face da inflação monetária.
Na reunião desta semana do Comitê de Política Monetária
(COPOM) do Banco Central (BC) foram examinados vários cenários conjunturais,
tanto em diagnóstico como em prognóstico, para confirmar o que o mercado
financeiro predisse, qual seja que a taxa básica de juros, a SELIC, não mudaria
mais neste ano, ficando em 15% anuais. A posição do COPOM tem sido técnica,
desde, pelo menos, quando foi aprovada a lei de independência do BC. No
passado, o governo federal mandava o COPOM variar a taxa, principalmente, para
baixo, já que fica ou tende a ficar, elevadíssima, devido a necessidade do
governo em captar dinheiro, porém, nem mesmo indicando o presidente do BC, o
governo federal tem conseguido o seu intento. A estabilidade da política
monetária assegura que não haja surpresa. Além disso, a taxa de juros
elevadíssima, em tese, prejudica o sistema produtivo, que continua bem baixo. Quase
taxiando. O Ministro da Fazenda, Fernando Haddad e o presidente Lula a criticam,
mas o BC segue, impávido, e por unanimidade manteve a SELIC, mesmo com 7
membros da sua diretoria indicado pelo governo de Lula. O centro do problema é
que o Banco Central, em nota da reunião de 45 dias, afirmou que a SELIC poderá
continuar em 15% anuais, por tempo prolongado, sem sinalizar cortes da SELIC na
frente do tempo. Economistas do mercado financeiro acreditam que o ciclo de
baixa poderá acontecer na próxima reunião de janeiro. Algo incerto. O BC,
consultando o mercado mediante informativo Focus, calculou a mediana das notas
das entrevistas em fechar 2025 a inflação em 4,6%, em queda as previsões há
cerca de 20 semanas, lentamente. Para 2026, o informativo Focus do BC traz a
expectativa de uma inflação fechar 2026 em 3,6%, mediante um ano em pouso suave
da inflação em direção à meta inflacionária, fixada pelo Conselho Monetário
Nacional, de 3,0%, mais viés de alta ou de baixa de 1,5% anuais.
Em resumo, a SELIC elevada resfria a atividade econômica e
impacta negativamente as contas públicas, visto que o governo federal continua
com déficits primários mensais e, no acumulado, de quase três anos, implicando
em elevação da dívida pública, pela rolagem dos juros e de principal. Isso não
é bom e sufoca o fluxo de caixa no longo prazo e dificulta a gestão das
finanças públicas. Mas, “o sistema é bruto”, como diz certo jornalista de TV,
em Salvador, Bahia, para explicar quase tudo.
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