UNILATERALISMO VERSUS MULTILATERALISMO
03-11-2025
O império inglês praticava o unilateralismo. O império
atacava. Os Estados Unidos da América (EUA) que criticavam a política imperial inglesa
do unilateralismo eram defensores do multilateralismo, que teve a sua origem
remota, após as guerras napoleônicas (1815), quando as principais potências
europeias, como Reino Unido, Áustria, Prússia, Rússia, depois, também com a
França, foram criados sistemas de conferências e consultas para manter o
equilíbrio do poder e evitar novos conflitos. Tratou-se do primeiro arranjo
multilateral moderno. Em seguida, vieram a União Postal Universal (1874), União
Telegráfica Internacional (1865). A consolidação multilateral veio no século XX,
com a Liga das Nações (1919), Organização das Nações Unidas (1945), Fundo
Monetário Internacional (1944), Banco Mundial (1945) e Acordo Geral de Tarifas
(GATT, em 1947). A expansão do multilateralismo se deu após a guerra fria, cujo
GATT se transformou na Organização Mundial do Comércio (1995).
Depois da segunda guerra mundial o mundo se organizou em
bloco econômicos, políticos e estratégicos, reforçando o multilateralismo
regional. Em 1949, a Organização do Tratado do Atlântico Norte (OTAN); em 1951,
surgiu a Comunidade Europeia do Carvão e do Aço (CECA); em 1955-1991, o Pacto
de Varsóvia; em 1957, a Comunidade Econômica Europeia (CEE); União Europeia
(UE); em 1960, a Associação Europeia do Livre Comércio (EFTA); em 1960, a
Organização dos Países Exportadores de Petróleo (OPEP); em 1969, o Pacto
Andino; em 1967, a Associação das Nações do Sudeste Asiático (ASEAN); em 1973,
a Comunidade do Caribe (CARICOM); em 1974, a Agência Internacional de Energia
(AIE); em 1975, o G7; em 1989, a Cooperação Econômica Ásia-Pacífico; em 1991, a
Comunidade dos Estados Independentes (CEI); em 1994, o Acordo de Livre Comércio
da América do Norte (NAFTA); em 1999, o G20; em 2009, o grupo Brasil, Rússia,
Índia, China e África do Sul (BRICS); 2016, o OPEP + (Arábia Saudita, Irã,
Iraque, Kuwait, Emirados Árabes Unidos, Argélia, Angola, Congo, Guiné
Equatorial, Gabão, Nigéria e Venezuela) ; em 2024, o BRICS + (BRICS mais Arábia
Saudita, Emirados Árabes Unidos, Egito, Irã, Etiópia).
Em 2025, o império contra ataca. Os Estados Unidos da América
criaram o unilateralismo punitivo. Ao invés de reconhecer que as cadeias de
valor são globais, eles buscam fragmentá-las, sem fazer a chamada “transição
verde”, apostando em tarifas, ameaças e sanções, chamando isto de “A Arte da Negociação”,
nome do livro best seller de Donald Trump. O lema de Trump no primeiro governo
dele foi de America first. No segundo mandato, que se iniciou este ano o lema é
“Make America Great Again”. Em português, “Tornar a América Grande Novamente”.
Há avaliações de que Trump está conseguindo os seus intentos, em dez meses de
governo. A sua própria análise é de que o PIB está crescendo acima de 3%, em
dois trimestres seguidos. Bom, o exame tem que ser bem mais amplo e foge ao escopo
agora desta página, por tão pouco tempo observado na obtenção de dados. Porém, aqui
se quer pontuar que, Donald Trump não é nenhum louco, mas um agressivo
imperialista.
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